Conforme combinado, estou disponibilizando o link do Filme dublado:
TEMPOS MODERNOS
--para trabalharmos e discutirmos sobre: "Industrialização e seus efeitos", com os seguintes objetivos:
- Compreender através do filme "Tempos Modernos" como funcionavam as fábricas e como era a vida do trabalhador durante a segunda revolução industrial.
- Analisar as desigualdades sociais da época, os direitos trabalhistas e a exploração da mão de obra.
- Entender e relacionar as mudanças ocorridas na sociedade e no campo econômico, após a primeira, segunda e terceira revolução industrial.
- A Revolução Industrial:
- Fases da Revolução Industrial: Primeira, Segunda e Terceira Revolução Industrial;
- Consequências da Revolução Industrial;
- Capitalismo Industrial;
LINK do filme: https://youtu.be/fCkFjlR7-JQ
- conforme o esquema abaixo:
- Ficha técnica do filme
Título original: Modern Times
Gênero: Comédia
Duração: 1h27min
Ano de lançamento: 1936
Estúdio: United Artists/Charles Chaplin Productions
Distribuidora: United Artists
Direção: Charles Chaplin
Roteiro: Charles Chaplin
Produção: Charles Chaplin
Música: Charles Chaplin
Fotografia: Ira H. Morgan e Roland Totheroh
Sinopse
um clássico da sétima arte que aborda de forma cômica a mecanização da mão de obra, o capitalismo dos anos 30 e a desigualdade social.
A revolução industrial é retratada em um ambiente de uma fábrica com engrenagens gigantes que opera com processos de linha de montagem,
baseado no modelo fordiano.
Há uma crítica à desigualdade social, em que ficam claramente explícitas as diferentes realidades da burguesia e do proletariado.
Ácido, porém engraçado, o filme é atemporal, profundo e confirma a genialidade de um dos maiores ícones do cinema mundial.
- DATA de ENTREGA: 20/06/2019 - quinta feira
- O trabalho deverá ser entregue de forma IMPRESSA!
- Análise introdutória!
1- Nessa narrativa fílmica a linguagem verbal é praticamente ausente, então do que posso me valer para fazer a leitura?
2- O título está relacionado com a história? Justifique?
3- Em que cena do filme é possível verificar as consequências sociais que a crise de1929 provocou: desemprego; fome; índices de violência?
4- Essa substituição do homem pela máquina ainda acontece nos dias atuais e como isso acontece?
5- Como estes manifestos sociais (greve, por exemplo) são vistos pela sociedade contemporânea? E as situações de prisão são diferentes nos dias atuais?
- Escrevam uma pequena redação (no mínimo 10 linhas) descrevendo o conhecimento e o seu entendimento sobre o assunto abordado no filme.
RESUMO INTRODUTÓRIO:

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No estudo da Revolução Industrial, vários historiadores
salientam que tal experiência foi responsável por uma profunda
transformação nas formas de se organizar as relações de trabalho. Em
linhas gerais, procura-se destacar que a figura do artesão foi
substituída pela do operário, que vendia a sua força de trabalho em
troca de uma determinada compensação monetária.Nessa nova configuração, o trabalhador fabril não tinha mais noção de quanto era o valor da riqueza produzida por sua força de trabalho. Segundo a teoria dos pensadores Karl Marx e Friendrich Engels, o operário recebia um salário que era insignificante se comparado ao valor da riqueza produzida por ele ao longo de um único mês de trabalho. Dessa forma, estava necessariamente submetido a uma lógica de exploração sistemática.
Para que tal desconhecimento fosse viável, segundo estes dois mesmos teóricos, a especialização do trabalho era um pressuposto indispensável. Sob tal vigência, o operário desconhecia o valor do seu trabalho no momento em que desempenhava uma função isolada do processo global de fabricação de um determinado bem material. Com isso, ele não sabia quantificar em dinheiro o valor que sua contribuição influía na concepção de uma mercadoria industrializada.
O filme mostra como esse novo tipo de trabalhador surgiu no mundo contemporâneo.
Por exemplo: amostragem do momento em que Carlitos (personagem principal da trama) passa longas horas desempenhando uma mesma tarefa na linha de produção.
RESENHA do FILME:
Em “Tempos modernos” (“Modern times”), filme de Charles Chaplin5 de 1936, o diretor mostra com maestria os efeitos que o desenvolvimento capitalista e seu processo de industrialização trouxeram à classe trabalhadora. Como diz o texto de introdução do filme, “’Tempos modernos’ é uma história sobre a indústria, a iniciativa privada e a humanidade em busca da felicidade”6.
A temática de “Tempos modernos” custou a Chaplin uma série de perseguições por parte da CIA, juntamente com a acusação de simpatias comunistas7. Além disso, havia recusado naturalizar-se norte-americano argumentando ser um “cidadão do mundo” o que agrava ainda mais sua situação. Chaplin passa a constar na “lista negra” de Hollywood durante a perseguição macarthista, o que torna sua situação de trabalho nos EUA insustentável (seus filmes eram proibidos), levando-o a abandonar definitivamente os EUA em 1952.
No filme, o vagabundo Carlitos, ironicamente, encontra-se na condição de operário. É ao auge do predomínio do padrão de acumulação taylorista-fordista, em que os trabalhadores tem suas habilidades substituídas por um trabalho rotineiro e alienado. É o predomínio da esteira rolante de Ford, do cronômetro de Taylor8, do operário-massa.
A inadequação de Carlitos com o trabalho alienado perpassa o tempo todo do filme. Na condição de operário ele tenta se adaptar, se esforça para inserir-se naquele novo mundo de produção em massa, máquinas gigantescas, exploração do trabalho, mas também de greves e de organização sindical. Esta inadequação fica presente logo no início do filme, quando um bando de ovelhas brancas é mostrado e apenas uma delas tem a cor preta, certamente esta representa o próprio Carlitos. A cena do bando de ovelhas é misturada com a cena dos operários entrando na fábrica, como se fossem animais indo para o abate, só que, na verdade, vão para a produção na fábrica.
Como operário da fábrica, Carlitos se depara com a esteira de produção fordista que aumenta o ritmo de produção a todo instante, tornando a relação homem-máquina extremamente conflituosa, até o ponto em que o próprio Carlitos é engolido pela máquina, saindo de lá em uma condição de insanidade, momento em que ele abandona a condição de quase um autômato (repetindo um gesto mecânico mesmo quando não está trabalhando, fruto da alienação do trabalho) para uma situação de confronto direto em que ele sabota a produção, insurge-se contra o patrão e é internado como louco.
A contradição capital-trabalho está presente de forma clara no filme. O patrão fica numa sala armando quebra-cabeças e lendo jornal, ao mesmo tempo em que de um monitor controla todos os movimentos dos operários e dita o ritmo de produção a ser executado9.
Em outras passagens, a inadequação de Carlitos com o trabalho alienado fica presente nas tantas tentativas de trabalhar que o personagem enfrenta. Quando arranja trabalho no caís após sair do hospício, consegue em um simples gesto lançar um navio ao mar. Quando o personagem vira vigia na loja de departamentos, além, de não conseguir impedir um assalto, consome produtos da loja, leva a amiga para o interior da loja, e dorme no serviço. Trabalhando como auxiliar de mecânico, Carlitos demonstra a todo instante sua inadequação com a simples tarefa de ajudar o mecânico chefe, fazendo com que este seja também engolido pela máquina. Quando assume o papel de garçom, também é nítida a sua incapacidade de servir uma mesa.
Na verdade, Carlitos só consegue mostrar sua identificação com atividades nada alienantes e que fogem ao domínio da máquina sobre o trabalho. Quando ele está na loja de departamentos e mostra uma grande habilidade em patinar, e quando está no restaurante trabalhando como garçom e que improvisa um número musical cômico. Neste momento percebe-se que em ao menos em uma atividade ele é bom, em um tipo de trabalho que requeira criatividade e não uma mera execução de tarefas formulada por terceiros. Só então, ele é aplaudido por todos e inclusive, parabenizado pelo patrão10.
A voz de Carlitos é ouvida pela primeira vez no cinema quando ele canta. Chaplin opunha-se ao cinema falado, achando que este não duraria muito tempo. Na verdade, seu temor era com seu próprio personagem, adequado muito mais ao gestual do que a fala. Somente depois de 10 anos de existência, é que em “Tempos modernos”, Chaplin faria sua primeira experiência com o cinema falado, ou no seu caso, “semi-falado”. Ouve-se o ruído das máquinas, o som mecânico da “máquina de comer”, do alto-falante em que o patrão dirige-se aos funcionários, mas em nenhum momento um personagem fala, que não seja através de uma máquina11.
Mesmo quando Carlitos canta ele expressa uma crítica ao cinema falado, quando esquece a letra, sua amiga12 grita a ele: “Cante! Dane-se a letra!”, e é o que ele faz, mostra que mesmo sem palavras, ou no caso, usando palavras sem sentido, mas caprichando no gestual, faz com que todos consigam compreender uma história13.
Outro aspecto que chama atenção no filme é o predomínio completo do trabalho abstrato sobre o trabalho concreto14, ou seja, ao capital não interessa a forma como está sendo produzido ou que está sendo produzido, somente importa é que está sendo criado valor. Daí não sabermos exatamente qual a mercadoria que Carlitos produz, e certamente, nem mesmo os operários da fábrica o sabem. Assim, não existe qualquer identificação do trabalhador com seu trabalho, nem com a mercadoria produzida por ele.
Mesmo com toda a crítica social que é feita, a reação do personagem Carlitos ao sistema é feita de maneira individual e não coletiva. Quando eclode a Grande Depressão de 1929, que coincide com a saída do personagem do hospício, é levado à prisão acusado de ser líder comunista por empunhar uma bandeira (pretensamente vermelha) em frente a um grupo de trabalhadores que fazia uma passeata na rua. Carlitos é visto como o cidadão comum, não politizado, mas que pelo simples gesto de buscar devolver a bandeira que tinha caído do caminhão é acusado de líder da revolta operária. Em outro momento, quando eclode uma greve na fábrica em que trabalha, também por acidente é acusado de agressão a um policial que viria reprimir a greve.
No final do filme, quando sua amiga indignada com a situação de perseguição, miséria e desemprego pergunta: “para que tudo isso?” ele responde: “levante a cabeça, nunca abandone a luta”. No entanto, a reação dos dois não é o enfrentamento contra o capital, é retirar-se da cidade, indo em direção ao campo15.
Ao som da belíssima “Smile”, de autoria de Chaplin, Carlitos dá as costas para a para produção em massa, para as gigantescas máquinas que desempregam trabalhadores, para as suntuosas lojas com suas escadas rolantes, para o trabalho alienado. Seria o último filme mudo de Chaplin e também a despedida do personagem Carlitos, que havia se tornado obsoleto em um momento em que o cinema falado tomava conta dos cinemas do mundo todo. Era o sinal dos tempos. Os tais “tempos modernos”.
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